“Adolescência”: Série da Netflix expõe dores reais dos jovens e acendealerta para saúde mental

Read Time:2 Minute, 3 Second

A minissérie Adolescência, da Netflix, tem gerado debates intensos nas redes sociais ao
retratar, com sensibilidade e realismo, os altos e baixos da juventude. Entre dilemas
emocionais, conflitos familiares e a busca por identidade, a produção tem chamado a
atenção de especialistas em saúde mental — como a psicóloga Jéssica Fuliotto, que
ressalta a importância dos sinais apresentados na trama e como eles refletem situações
recorrentes no cotidiano de muitos adolescentes.
Para Fuliotto, um dos principais méritos da série é mostrar que o sofrimento psíquico na
adolescência nem sempre é evidente — e que comportamentos preocupantes nem
sempre têm origem em um lar disfuncional. “Muitas vezes, o adolescente não verbaliza
sua dor, mas ela se manifesta por meio de mudanças bruscas de humor, queda no
rendimento escolar, alterações no sono, alimentação desregulada, isolamento social,
rompimento de amizades, uso excessivo de tecnologia, comportamentos
autodestrutivos ou até mesmo na forma como se comunica, como o uso de emojis,
retratado na minissérie”, explica.
O impacto dessas vivências é algo que muitos jovens reconhecem, mesmo sem saber
exatamente como expressar. “Às vezes, nem eu entendo o que estou sentindo, e falar
com alguém parece mais difícil ainda”, relata uma adolescente de 15 anos, participante
de uma oficina conduzida por Fuliotto em uma escola pública.
A psicóloga reforça que é fundamental que pais, professores e adultos de referência
estejam atentos e dispostos ao diálogo. “A adolescência é um período de intensas
transformações e inseguranças. O acolhimento, a escuta ativa e o apoio psicológico são
ferramentas essenciais para que esse momento seja vivido com mais segurança
emocional”, afirma. Ela defende que é preciso fomentar conversas que incentivem o
autocuidado, a busca por ajuda e o fortalecimento dos vínculos afetivos.
Fuliotto também alerta para riscos que vão além da ficção, como o uso de aplicativos
populares entre os jovens. Um deles é o Litmatch, cuja proposta é facilitar a criação de
amizades online. No entanto, segundo a psicóloga, adultos têm se infiltrado na
plataforma, fingindo ter a mesma idade dos adolescentes. “Em escolas públicas, onde
atuo, já recebemos relatos de pais preocupados com essa situação”, conta.
Para a especialista, o sucesso da série pode ser uma oportunidade valiosa para abrir
diálogos dentro de casa. “Se um episódio tocou você ou seu filho, aproveite o momento.
Pergunte, ouça sem julgamentos, crie um espaço de confiança. Às vezes, esse simples
gesto pode fazer toda a diferença”, orienta.
Como forma de contribuir com esse processo, Fuliotto desenvolveu um material
educativo voltado ao público adolescente: um gibi que ajuda a compreender as emoções
de forma prática e acessível. A publicação está disponível em seu perfil no Instagram:
@psi.jessicafuliotto.

Publicar comentário

Verified by MonsterInsights