
Saúde íntima da mulher é tema do bate-papo entre Heloisa Pedrosa e a fisioterapeuta pélvica Dra. Daniella Leiros.
Heloisa Pedrosa
E o tema de saúde e bem-estar… Quando o assunto é saúde da mulher, a gente não pode perder jamais a oportunidade de conversar com ela, a querida Daniella Leiros, a nossa doutora, fisioterapeuta pélvica. Seja bem-vinda!
Hoje, vamos falar de um tema curioso. Sabemos que, com o tempo de experiência, atendimentos e vivências, você tem muito a contribuir. Pensando nas mulheres, especialmente mães, elas passam pela gestação. Algumas optam pela cesariana, outras pelo parto normal.
E aí vem aquela história, até meme em cima das mulheres: afinal de contas, o canal vaginal, depois que um bebê passa por ele, fica largo? Ou isso é mito?
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Daniella Leiros
Mito! Mito global, vamos já tranquilizar todo mundo. A musculatura, sim, sofre alterações durante a gestação, porque ela está sustentando tudo — o peso do bebê, a placenta, o líquido amniótico… E os hormônios deixam a musculatura mais frouxa e relaxada.
Então, independentemente de ser cesariana ou parto vaginal, essa musculatura vai estar mais frouxa e sofrer alterações. Só o fato de engravidar já faz a mulher sentir aquela frouxidão, aquela sensação estranha.
Se houver parto vaginal, é uma musculatura com grande capacidade de alongamento — diferente de qualquer outra do corpo. Um trapézio, um bíceps femoral, por exemplo, alongam até 120–150% do seu tamanho original. Já o assoalho pélvico pode chegar a 250%.
Ou seja, ele é muito mais flexível, mas precisa ser treinado. Para isso existe a fisioterapia pélvica, para que possamos trabalhar esse músculo adequadamente.
Heloisa Pedrosa
Mas mesmo com esse treinamento, pode haver rasgos ou alargamento?
Daniella Leiros
Pode, sim. Depende do tempo que o bebê ficou no canal, da velocidade com que passou, se foi puxado, como entrou. São muitas variáveis. Mas, com cuidados adequados e fisioterapia, essa musculatura volta ao lugar.
É como no braço: se o tríceps está mole, a gente treina e ele volta. O assoalho pélvico é igual. A fisioterapia pélvica ajuda — e você não precisa viver com desconforto, dor na relação ou incontinência urinária. Isso tudo é sinal de que a musculatura não está funcionando bem. Procure ajuda!
Heloisa Pedrosa
Quando falamos do corpo da mulher, especialmente da genitália, parece que há sempre uma resistência. É como se estivéssemos falando apenas de sexo.
Daniella Leiros
Exatamente. Há uma confusão entre corpo e sexualidade. E isso vira até motivo de xingamento. Quando um homem quer ofender uma mulher, ele diz que o canal vaginal dela está “largo”. Isso é ofensivo.
O homem tem o órgão exposto. A mulher, por ser interna, esconde. E aí vêm os julgamentos: “você usou demais”, como se o uso deixasse a região “aberta demais”. Mas isso é mito. Músculo volta ao normal com treino. Agora, se há medo, ele trava — e isso também causa dor.
Tensão no trapézio causa dor. No assoalho pélvico, também. Pode doer até para cruzar as pernas, para sentar, ou até no ato de urinar. Será que você faz xixi na posição correta? Tudo isso a fisioterapia pélvica aborda com você.
Heloisa Pedrosa
E por que virou um hábito fazer o “pique”, aquele corte para facilitar a saída do bebê?
Daniella Leiros
Desconhecimento — tanto da equipe técnica quanto das próprias mulheres. Quando viram que rasgava, pensaram: “vamos abrir logo para facilitar”. Era o medo da desinformação. Mas o bebê respira pelo cordão umbilical. Mesmo comprimido no canal vaginal, ele não vai morrer por falta de ar.
A musculatura se adapta ao tamanho do bebê. A equipe técnica foi aprendendo isso. Se há alteração nos batimentos cardíacos do bebê, aí sim é preciso agir rápido. Às vezes, é necessário o uso de fórceps ou vácuo, e aí a episiotomia (o corte) é feita para salvar vidas — não por rotina.
Antigamente se fazia isso em todo mundo. Hoje, sabemos que só se usa com o bebê baixo, na reta final. É evolução do conhecimento.
Heloisa Pedrosa
Muito bom! E para encerrar, faz um convite para quem está nos ouvindo?
Daniella Leiros
Claro! Aproveite esse momento de aprendizado. Venha se conhecer melhor, aprender sobre seu corpo, se conectar com você mesma. Visite nossa clínica, marque uma avaliação. Veja se está tudo bem com você. Conhecimento é poder.
Heloisa Pedrosa
Mais um bate-papo incrível com Daniella Leiros, reforçando a importância de cuidar da saúde da mulher.
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