Para além dos estereótipos: a complexidade da velhice masculina
Livro evidencia a falta de representatividade dos idosos e investiga a origem do preconceito contra eles, além de trazer entrevistas com os atores Antônio Fagundes e Antônio Pitanga
De hieróglifos egípcios, passando por obras renascentistas e culminando com filmes e séries da era do streaming, o autor revela como a representação do homem idoso sempre esteve vinculada a definições mutáveis e contextualizadas, influenciadas por fatores culturais e sociais. Nesse sentido, Moratelli desafia a visão simplista da masculinidade idosa como um conceito unificado.
A obra discute como a estética da juventude se sobrepõe à diversidade de experiências dos mais velhos, especialmente na cultura audiovisual. O especialista revela como o cinema e a TV lidam com a representação da velhice masculina e, muitas vezes, contribuem para a construção de estereótipos que perpetuam a invisibilidade dessa população.
Entrevistas exclusivas com duas figuras icônicas da dramaturgia, Antônio Fagundes, 74 anos, e Antônio Pitanga, 84, evidenciam o papel fundamental da indústria do entretenimento na construção dessas imagens. Os atores falam abertamente sobre suas experiências de carreira, abordam a relação com a velhice e explicam de que maneiras a idade aparece hoje como limitador para a conquista de trabalhos e/ou papéis.
É assim que se perpetua a representação do idoso – o indivíduo que já não pode trabalhar, que já não pode namorar, que já não pode fazer sexo ou redescobrir sua sexualidade, que não pode tomar decisões sozinho, que não deve dar opinião em assuntos determinantes para um grupo, entre outros. A modernidade prega uma vida social na qual, como se explorou ao final do primeiro capítulo, o descarte é necessário. Jovem e velho não coexistem no mesmo espaço, não dialogam em graus semelhantes de hierarquia e, por fim, não contribuem para viver e construir uma sociedade melhor para ambos. O velho já não é dessa sociedade.
(A Invenção da Velhice Masculina, pág. 191)
Ao explorar as raízes históricas e sociopolíticas que sustentam discursos etaristas há muitos séculos, Moratelli desfaz a ilusão de uma masculinidade idosa estática. Ele introduz também o termo “afrovelhice”, um componente essencial no entendimento das múltiplas facetas da velhice dos homens, especialmente no contexto das desigualdades raciais.
Convite aos leitores para repensar as complexas camadas da masculinidade na terceira idade, A Invenção da Velhice Masculina questiona narrativas preconceituosas e simplificadoras para propor um diálogo sobre uma velhice saudável e igualitária, causa que deveria ser cara para todos, uma vez que o envelhecimento é condição inerente ao ser humano.
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Ficha técnica
Livro: A invenção da velhice masculina
Autoria: Valmir Moratelli
Editora: Matrix Editora
ISBN: 978-65-5616-366-6
Páginas: 224
Preço: R$ 53,00
Onde encontrar: Matrix Editora e Amazon
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