Museu Judaico exibe mostra de Boris Lurie e promove conversa com a psicanalista Maria Homem sobre “Psicanálise e Sadomasoquismo” neste sábado
Debate tem mediação de Felipe Chaimovich, curador do Museu Judaico de São Paulo, e participação especial da dominatrix Morgana
Fotos em alta no link: https://flic.kr/s/aHBqjAuWvT
O Museu Judaico de São Paulo, que exibe a exposição “Boris Lurie – Arte, Luto e Sobrevivência”, promove neste sábado, 24 de junho, às 16h30, o bate-papo “Psicanálise e Sadomasoquismo”. Com mediação de Felipe Chaimovich, curador da instituição, a segunda conversa dos programas públicos da exposição apresenta as influências do sadomasoquismo no trabalho do artista. O evento tem participação especial da dominatrix Morgana, e da psicanalista e pesquisadora do Núcleo Diversitas FFLCH/USP, Maria Homem.
Desenvolvida com apoio da Fundação Boris Lurie, a exposição “Boris Lurie – Arte, Luto e Sobrevivência” percorre o legado do artista por meio de 44 colagens, desenhos, pinturas e esculturas pautados pela memória dos acontecimentos e atravessados por um forte componente erótico, às vezes sadomasoquista. Até o dia 9 de julho o Museu Judaico de São Paulo apresenta um conjunto importante de seus trabalhos, dando sequência a uma série de exposições realizadas pela Europa, Estados Unidos e América Latina.
Nascido em Leningrado, Rússia, no ano de 1924, Boris viveu sua infância e adolescência em Riga, Letônia. Em 1941, sua mãe, a avó materna, a irmã caçula e sua primeira namorada foram assassinadas após a prisão num campo de evacuação. Lurie e seu pai, por sua vez, passaram pelos campos de trabalho de Lenta e Salaspils e pelos campos de concentração de Stutthof e Buchenwald-Magdeburg e sobreviveram à Shoah. Libertos em 1945, emigraram para os Estados Unidos.
Foi em Nova York, para onde emigrou com ajuda de uma irmã mais velha, que Lurie iniciou a formação artística que lhe permitiria dar novas formas à memória. Esse processo se faz sentir, por exemplo, em “O Retrato de minha mãe antes do fuzilamento”, de 1947, uma evocação da figura materna e obra-chave em seu percurso de luto/criação. A partir dela, a figura da mulher se torna permanente em sua obra, assim como a estrela de Davi amarela – elemento que marcava pessoas judias durante o regime nazista e que o artista continuou a usar na sua roupa após emigrar para os Estados Unidos.
“Boris Lurie produziu quadros e objetos com a estrela amarela, inclusive usando peças de roupa íntima, como cuecas e corseletes”, escreve o curador, assinalando a indissociabilidade entre morte e desejo na obra do artista. “Negando-se a esquecer, sua indumentária continuava a testemunhar uma sobrevida impacificável”, complementa Chaimovich.
Frequentador da escola de arte nova-iorquina Art Students League e tendo convivido com pintores gestuais como o francês Pierre Soulages, Lurie baseou-se na linguagem publicitária e na mass mídia norte-americana para trabalhar suas pin-ups. A partir de 1955, produziu colagens críticas à objetificação do corpo feminino e, em 1960, fundou No!art, um movimento contra os valores da sociedade de consumo da época criado junto com Sam Goodman e Stanley Fisher. De volta a Riga em 1975, pela primeira vez desde a Segunda Guerra, deu início à redação de um diário de viagem, que, juntamente com uma novela de ficção, foram publicados postumamente.
“Um artista que sobreviveu não porque sustentado pela arte, mas por causa dela”, sugere Felipe Arruda, Diretor Executivo do Museu Judaico. “Um artista que confrontou e reelaborou por toda a vida as imagens do horror presenciado, que vocalizou em seus trabalhos o protesto contra o antissemitismo, que manipulou signos do sexo, da propaganda, do consumo, do poder e da morte para construir uma obra crítica e sem esquiva, às vezes perturbadora.”
Sobre o Museu Judaico de São Paulo (MUJ)
Inaugurado após vinte anos de planejamento, o Museu Judaico de São Paulo é fruto de uma mobilização da sociedade civil. Além de quatro andares expositivos, os visitantes também têm acesso a uma biblioteca com mais de mil livros para consulta e a um café que serve comidas judaicas. Para os projetos de 2023, o MUJ conta com o Banco Alfa e Itaú como patrocinadores e a CSN, Leal Equipamentos de Proteção, Banco Daycoval, Porto Seguro, Deutsche Bank, Cescon Barrieu, RaiaDrogasil S.A, BMA Advogados, Credit Suisse e Verde Asset Management como apoiadores.
Sobre a Fundação Boris Lurie
Localizada em Nova Jersey, nos Estados Unidos, a Boris Lurie Art Foundation dedica-se a cuidar e divulgar a vida, o trabalho e as aspirações de Boris Lurie e a preservar e promover o movimento NO!art com foco no visionário social na arte e na cultura. A Fundação detém os trabalhos, poesia, escritos pessoais e arquivos do artista, bem como as obras de outros artistas NO!art que estão sob seu controle, tornando-os disponíveis ao público e instituições de ensino em todo o mundo. No espírito do legado de Lurie, a fundação apoia uma variedade de iniciativas, incluindo exposições, publicações, filmes, aquisições, estágios e doações.
Serviço:
Boris Lurie – Arte, Luto e Sobrevivência
Museu Judaico de São Paulo (MUJ)
Curadoria: Felipe Chaimovich
Período expositivo: de 5 de abril a 9 de julho
Local: Rua Martinho Prado, 128 – São Paulo, SP
Funcionamento: Terça a domingo, das 10 horas às 19 horas (última entrada às 18h30)
Ingresso: R$ 20 inteira; R$10 meia. Gratuito aos sábados
Classificação indicativa: Livre
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