6 de dezembro: Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência Contra as Mulheres

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Em 6 de dezembro é celebrado o Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres.

A data foi instituída no Brasil por meio da Lei nº 11.489/2007, com o objetivo de conscientizar, envolver e mobilizar os homens para colaborarem com o fim da discriminação e da violência contra as mulheres.

Diante de uma sociedade que evoluiu em tantos aspectos, como de inovação, tecnologia e até mesmo em leis, é inconcebível continuar a normalizar quaisquer tipos de discriminação e violência pelo fato de ser mulher.

Uma violência que não vê status social ou grau de instrução, mas motivada pela discriminação de gênero e que engloba agressões físicas, psíquicas, intelectuais e de acesso aos meios produtivos.

Afinal, quantas mulheres já perderam oportunidades de trabalho, por exemplo, porque o cargo era preferencialmente masculino ou porque a disputa era injusta.

Como iniciou a mobilização dos homens pelo fim da violência contra as mulheres

O movimento dos homens pelo fim da violência contra as mulheres não surgiu como uma ação benevolente em prol do público feminino.

Na verdade, houve um gatilho que mobilizou a opinião pública e promoveu um debate sobre desigualdade entre gêneros, motivando homens a criarem a Campanha do Laço Branco.

A data foi escolhida em razão de um episódio violento ocorrido no Canadá. Em 6 de dezembro de 1989, na Escola Politécnica de Montreal, Marc Lépine, de 25 anos, entra em uma sala de aula armado com uma espingarda.

Marc pediu que os cerca de 50 homens que estavam no ambiente se retirassem e, em seguida, atacou 28 pessoas, matando 14 mulheres. Logo após, cometeu suicídio.

Desse total de mulheres que foram mortas no ataque, 12 eram estudantes de engenharia, 1 era estudante de enfermagem e 1 era funcionária da universidade.

A justificativa para esse massacre foi descoberta em uma carta de três páginas encontrada no bolso da jaqueta do assassino.

Marc Lépine alegava a luta contra o feminismo, dizendo, entre outras coisas, que não aprovava a situação de mulheres estudando engenharia, um curso tradicionalmente masculino.

O crime chocou as pessoas, gerando um amplo debate na opinião pública, culminando na Campanha do Laço Branco, um símbolo da luta dos homens pelo fim da violência de gênero.

Campanha Laço Branco: lições que podemos tirar

Essa campanha tem real importância para uma sociedade mais justa e equânime, conscientizando os próprios homens sobre o papel que precisam desempenhar para colaborar com o fim da discriminação e da violência contra as mulheres.

Em outras palavras, o público masculino precisa ser aliado na luta pela igualdade de gênero, combatendo os estereótipos da sociedade machista, patriarcal e preconceituosa.

Situações de violência contra a mulher ainda são presenciadas no Brasil e no mundo cotidianamente, mesmo após 33 anos do Massacre de Montreal.

De acordo com uma pesquisa Instituto Datafolha, uma em cada quatro mulheres acima de 16 anos afirma ter sofrido algum tipo de violência, seja ela física, psicológica ou sexual.

Interseccionalidades da Violência Contra as Mulheres

Dessa maneira, se uma mulher branca já sofre vários tipos de discriminação, a situação é ainda mais gravosa quando se trata de mulheres negras, trans, das travestis e com deficiência.

Isso porque o racismo e o sexismo têm forte influência nas relações que moldaram a sociedade brasileira. Eles são estruturais.

Assim, é impossível falar de violência de gênero, contra a mulher, sem abordar também o racismo e o sexismo.

As mulheres negras compõem a maior parte das vítimas da violência institucional de gênero, ou seja, estamos falando em racismo institucional. Elas são também as que mais sofrem violência doméstica no Brasil e são as que mais denunciam as agressões, conforme os dados estatísticos comprovam.

O que os números deixam claro é como a raça é um determinante na história das mulheres negras que sofrem violência.

Afinal, o sexismo e o machismo não operam sozinhos na sociedade. O preconceito, nas suas mais variadas formas, reforça as estruturas patriarcais e o desmerecimento e inferiorização do feminino.

Aspectos como a desigualdade no mercado de trabalho, já afetam a independência financeira e a possibilidade de sair de uma situação de abuso ou violência doméstica, por exemplo.

E toda essa questão está intimamente relacionada com a ideia presente no imaginário coletivo do papel da mulher e das características do ideal feminino. Via de regra ele versa sobre uma mulher branca, hétero, cisgênero e sem deficiência.

Qualquer mulher que esteja fora desse padrão será marcada por essas diferenças. Na pirâmide do status de igualdade entre gêneros, é como se quanto mais diferente do padrão uma mulher for, mais abaixo ela está em relação a outras mulheres, antes mesmo de se comparar em relação aos homens.

Assim, as mulheres negras, LGBTQIAP+ e com deficiência sofrem mais com os estereótipos. Isso reflete na forma como recebem atendimento de serviços de segurança e saúde, por exemplo, até, claro, a violência de gênero.

Por tudo isso, é trabalho também dos homens entender que as opressões e violências de gênero andam juntas às opressões de raça, identificação e orientação sexual, classe social e todos os outros segmentos de discriminação existentes.

Em especial para aqueles que dominam os espaços de poder, é necessário que os homens sejam a voz dessa campanha, mobilizando ações efetivas pelo fim da violência contra a mulher, inspirando e mobilizando mais homens nessa luta.

(Referência: https://www.profissas.com.br/6-de-dezembro-dia-nacional-de-mobilizacao-dos-homens-pelo-fim-da-violencia-contra-as-mulheres/)

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